Na Tecnotramit estamos muito atentos à atualidade do sector imobiliário e hipotecário espanhol. Como tal, e por sermos uma das empresas líderes em Espanha e Portugal na prestação de serviços às mais importantes instituições financeiras e empresas imobiliárias, tornamos pública a nossa avaliação dos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativamente ao número de hipotecas sobre imóveis assinadas em outubro, mês em que o número de hipotecas sobre imóveis foi de 31 921, o que representa um decréscimo de 22,3% em termos anuais.
Há mais de um ano que as instituições financeiras estão a adotar uma posição prudente face à incerteza da atual situação económica e geopolítica, razão pela qual paira no ar o risco de um aumento das taxas de incumprimento. Atualmente, os bancos não concedem empréstimos hipotecários superiores a 80% do valor total do imóvel, e muitas vezes menos, uma percentagem que, para uma parte significativa da população, é insuficiente, dada a perda de poder de compra das famílias sofrida nos últimos dois anos de inflação e da subida das taxas de juro.
A tendência descendente do mercado hipotecário espanhol era previsível, tanto pelo contexto como pelo facto de termos registado valores recorde nos anos anteriores. Assim, o montante médio deste tipo de crédito também diminuiu 5,3%, enquanto o preço do crédito hipotecário continuou a subir e a taxa de juro média aumentou mais de um ponto percentual, em termos homólogos, para 3,32%.
Não há motivos para alarme nem sintomas de crise no mercado imobiliário espanhol, uma vez que estas quedas homólogas nos principais macro-indicadores imobiliários se devem a uma situação conjuntural provocada pela inflação e pelos conflitos bélicos internacionais, que por sua vez levaram o BCE a tomar decisões deflacionistas na sua política monetária, tornando mais caro o acesso ao financiamento hipotecário.
Além disso, o período em que usufruímos de taxas Euribor negativas não deve ser considerado normal, antes pelo contrário, caracterizou-se por uma situação realmente anómala. Por definição, qualquer empréstimo acarreta um determinado conjunto de juros. O facto de o financiamento da compra de uma habitação, que é a compra mais importante das nossas vidas, não tivesse praticamente custos há alguns anos atrás, não significa que uma taxa de juro entre 3% e 4% seja algo desproporcionado, embora seja compreensível que o aumento seja assim entendido devido ao facto de a mudança de tendência ter sido bastante repentina.